Jovem com paralisia cerebral realiza sonho de assistir jogo da Copa Ele não enxerga e não anda. Louco por futebol, ele foi ao Mané Artur nã...
Jovem com paralisia cerebral realiza sonho de assistir jogo da Copa
Ele não enxerga e não anda. Louco por futebol, ele foi ao Mané
Artur não enxerga. Vítima de um erro médico quando tinha apenas sete meses de vida, o jovem de 19 anos vê apenas vultos. Ele também não caminha, tem paralisia cerebral. E não consegue empurrar sozinho sua cadeira de rodas. As sequelas deixadas o impedem também de ir ao banheiro, por isso usa fraldas. Se ele fala? Sim. Artur fala. Diz várias palavras. Sílabas que só são entendidas pelos pais, irmãos e amigos mais próximos. Fã de futebol desde as mais tenra idade, essa última locução é dita com todas as letras. Assim como Neymar, Kaká, Robinho, Brasil e Vasco.
“Para nós, também é um mistério essa paixão dele pelo futebol. Mas a gente sabe, sem dúvidas, que é de verdade. Por exemplo, se ele não quer comer, e a gente coloca um jogo passando na TV, imediatamente ele topa comer. Muda o humor mesmo. É quase um milagre”, diz a mãe Valdileia Pinheiro, 54.
A dona de casa não se lembra exatamente de quando Artur começou a demonstrar interesse pelo futebol, mas relata que faz muito, muito tempo. “Talvez com menos de dez anos. Quando a gente se deu conta, as maiores referências que ele fazia eram ao futebol. Primeiro, ficou fã do Kaká e só falava isso. Depois, do Robinho. Como ele é vascaíno? A gente também não sabe, porque não torcemos para nenhum time específico aqui em casa. Mas é o time que ele ama”, diz Valdileia.
Estádio
Quando a equipe do Jornal de Brasília. chegou à casa de Artur, ele estava vestido com a camiseta do Vasco e assistindo a um dos jogos da Copa do Mundo. Para animá-lo ainda mais, a mãe o lembrou que assistiria ao jogo entre Gana e Portugal no Estádio Mané Garrincha. Nesse momento, ela perguntou: “Quem vai ganhar?”. Mais que rapidamente, Artur respondeu: “Gana”, e vibrou.
“Estamos realizando um sonho dele. Antes, tinha muito medo de levá-lo ao estádio, mas estamos percebendo que a Copa está muito organizada e nos sentimentos mais seguros”, conta a dona de casa.
Esporte é brincadeira e terapia
Na vida de Artur, o futebol é mais ainda do que um esporte, é também motivação e aprendizado. Para ajudá-lo a desenvolver suas capacidades motoras, ainda limitadas, a terapeuta ocupacional utiliza bolas e o próprio esporte na hora de “brincar”. “Impressiona muito a maneira como ele reage ao futebol. É uma coisa mágica. E impressiona mais ainda quando a gente fica sabendo que a família não é fã, não torce. Parte dele. Talvez ele enxergue na tela coisas que a gente não vê. Ele sente o futebol de uma maneira diferente”, explica Marcilia Lima, terapeuta.
A animação de Artur é tanta diante de uma partida de futebol que a família tem se revezado para levá-lo à Fan Fest. Como mora próximo do Taguaparque, ele fica ansioso quando escuta o barulho da festa. “E quando ele vai, não quer voltar de jeito nenhum”, ressalta a mãe. Já no estádio, no jogo de ontem, conta o pai, Ulisses Marques, 51, “ele se emocionou quando ouvia o pessoal gritando. Chegou em casa fazendo ‘uuuhhhh’, como fazem no estádio”.
Segundo Ulisses, Artur é mais motivado com pessoas ao seu redor. Como enxerga pouco, se empolga com sons. “Quando a gente gritava ‘gol’, ele levantava a cabeça, sabia o que estava acontecendo”, diz o pai, com a certeza de que a magia do futebol muda a vida de Artur aos poucos, em pequenos passes, com grandes gols, seja pela TV, no estádio, ou no rádio.
Pense nisso
Histórias como a de Artur demonstram que os benefícios do esporte vão muito além do que se possa imaginar. E mostram ainda a responsabilidade de todos os envolvidos no futebol, principalmente os jogadores, que estão ali representando um país inteiro. Um trabalho cujo alcance é imensurável e que, se feito com responsabilidade e paixão, é capaz de vencer barreiras.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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