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Crime da 113 Sul: após 10 anos, Adriana Villela vai a julgamento; saiba como funciona o júri popular

Adriana Villela é acusada de ser mandante do assassinato do pai, da mãe e da empregada em 2009 — Foto: TV Globo/Reprodução Sessão deve d...

Adriana Villela é acusada de ser mandante do assassinato do pai, da mãe e da empregada em 2009 — Foto: TV Globo/Reprodução

Sessão deve durar 5 dias, período em que jurados não vão para casa. Arquiteta é acusada de ter mandado matar pai, mãe e empregada em 2009; ela nega acusações.
O júri popular da arquiteta Adriana Villela, de 55 anos, está marcado para começar nesta segunda-feira (23) – 10 anos após o crime. O julgamento começa às 9h, no Tribunal do Júri de Brasília, e a expectativa é de que dure cinco dias.

Ela é acusada de ser a mandante do assassinato do pai, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Vilela; da mãe, Maria Carvalho Villela; e da empregada da família, Francisca Nascimento Silva.

O caso ocorreu em 2009 e ficou conhecido como “crime da 113 Sul” (relembre no fim da reportagem). Adriana Villela chegou a ficar detida por 19 dias, mas foi liberada para esperar o júri em liberdade.

Adriana Villela sempre negou todas as acusações. Já a promotoria acusa a arquiteta de triplo homicídio qualificado, pelas seguintes razões:
Motivo torpe
Emprego de meio cruel
Forma que dificultou a defesa das vítimasAdriana Villela sai de delegacia em 2009, durante investigações do Crime da 113 Sul — Foto: Reprodução/TV Globo
Como funciona o júri popular

O Tribunal do Júri é composto pelo presidente e 25 jurados. Os nomes dos jurados presentes serão colocados em uma urna. Destes, sete são sorteados para compor o conselho de sentença, que vai declarar se a ré é culpada ou inocente.

Após o sorteio, os jurados selecionados ficarão incomunicáveis até o fim do júri, não podendo falar com outras pessoas nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do conselho.

No caso do júri de Adriana Villela, está previsto que a sessão se estenda por quase uma semana, mas os jurados não poderão voltar para casa. Eles vão dormir, comer e cuidar da higiene pessoal nas dependências do Tribunal, sob acompanhamento constante.

Depois do sorteio dos jurados, as principais etapas do júri são:
Leitura das peças do processo;
Depoimento das testemunhas de acusação e, em seguida da defesa (nessa ordem);
Interrogatório da ré;
Debates entre a promotoria e a defesa (nessa ordem);
Votação pelos jurados;
Leitura da sentençaCrime da 113 Sul: perícia realizada em 2009 no apartamento onde morreram José Guilherme Villela, Maria Carvalho Villela e Francisca Nascimento Silva — Foto: TV Globo/Reprodução

O julgamento será presidido pelo juiz titular da Vara do Tribunal do Júri de Brasília, Paulo Rogério Santos Giordano.

Durante o julgamento, os jornalistas poderão captar imagens apenas se elas forem feitas em plano aberto.

Por isso, será proibido fazer imagens focadas no rosto de Adriana Villela. Não será permitido registro de fotos ou filmagens dos jurados de qualquer ângulo.
O que dizem defesa e acusação?Advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay — Foto: Carlos Humberto/SCO/STF
O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, que defende Adriana Villela, diz que uma “linha do tempo” feita pela defesa comprova os passos da acusada no dia do crime, desde o momento em que ela acordou até o momento em que dormiu.
“Nós provamos, através de sinais de telefone, pagamentos que foram feitos, testemunhas que ela esteve o tempo interior em local longe de onde foi o crime.”
Ainda segundo o advogado, “o processo é uma distorção psicológica feita pelo Ministério Público”.Procurador Maurício Miranda, do MPDFT — Foto: TV Globo/Reprodução

Já o procurador Maurício Miranda, que atua no caso, afirma que o Ministério Público tem convicção que Adriana estava na cena do crime e foi a mandante dos três assassinatos.


“Ela precisava apenas de 15 minutos para resolver o problema. Para nós do Ministério Público, a Adriana assistiu a execução do crime.”

Para a acusação, conclusões do laudo comprovam a presença de digitais de Adriana Villela em um dos cômodos do apartamento na época dos homicídios. O MP afirma que a análise indica que a arquiteta estava no apartamento da família e esteve em frente ao corpo da mãe, Maria Carvalho Villela.–:–/–:–Passo a Passo
Crime da 113 Sul


Os corpos do ex-ministro do TSE José Guilherme Villela, de 73 anos; da esposa dele, a advogada Maria Carvalho Villela, de 68; e da empregada doméstica Francisca Nascimento Silva, de 58, foram achados, já em estado de decomposição, em 31 de agosto de 2009.

O caso ficou conhecido como “Crime da 113 Sul”, em referência ao endereço onde a família morava.

Segundo a investigação, eles levaram 78 facadas. A perícia demonstrou que eles foram assassinados em 28 de agosto de 2009, por volta das 19h15. No início das apurações, a polícia chegou a afirmar que o suspeito do crime era “conhecido e ligado à família”.

Os corpos foram encontrados depois que uma neta do casal afirmou à polícia que os avós não davam notícia há dias.
Condenações

Em júri popular encerrado em 2013, os acusados de executar o homicídio foram condenados a mais de 55 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado e furto qualificado.

O julgamento durou quatro dias. Durante o processo, ambos negaram envolvimento no crime.

Já a delegada Martha Vargas, que coordenou a investigação do caso, foi condenada a 16 anos de reclusão pelos crimes de falsidade ideológica, fraude processual, tortura e violação de sigilo funcional.Delegada Martha Vargas, em imagem de arquivo — Foto: TV Globo/Reprodução

A investigação do Ministério Público apontou que, ao longo de oito meses, a delegada se baseou em informações de uma vidente para dar andamento às investigações. Além disso, segundo o Ministério Público, ela teria ordenado “tortura física e psicológica” para que os suspeitos confessassem os crimes.

A defesa de Martha Vargas sempre negou as acusações. O advogado dela, Paulo Suzano, já chamou as alegações do MP de “conversa fiada” e a decisão do TJ de “sentença medonha”.

Fonte: Por Afonso Ferreira, G1 DF