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Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher: equidade está distante

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Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher: equidade está distante
No Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher, o Correio questiona esse problema a partir de três perspectivas. O caminho para a equidade de gênero ainda é longo: elas são a maioria dos pacientes da rede pública vítimas de agressões, recebem os menores salários e têm pouca representatividade na política
A violência contra a mulher é problema com raízes profundas. Capaz de se manifestar de diferentes formas, ela produz efeitos em diferentes cenários. Nesta quinta-feira (10/10), dia nacional de luta contra esse tipo de violência, especialistas e estudos mostram que ainda há um longo caminho a ser percorrido na busca pela equidade. Os impactos vão além da questão da segurança e revelam obstáculos em setores como saúde, economia, política e educação.
Na saúde, por exemplo, as mulheres foram maioria (76,1%) entre os pacientes vítimas de agressão atendidos nas unidades públicas do DF em 2018. A quantidade de mulheres que sofreram violência física e sexual chegou a 2.172. Para além da vida da vítima, as consequências chegam a crianças e adolescentes que vivem em lares onde persiste esse tipo de cenário.
Dados da Secretaria de Segurança Pública do DF mostram que, entre as vítimas de 2019, a maioria sofreu violência moral ou psicológica e física . Além disso, 26 mulheres foram vítimas de feminicídio de janeiro a outubro deste ano. Para propor um novo modelo de tratamento dessas informações, a professora Cristina Castro-Lucas, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB), criou o projeto Glória — plataforma sem fins lucrativos que usa inteligência artificial e algoritmos para ajudar mulheres nessa situação e transformar informações em dados de pesquisas.
As vítimas poderão conversar com a robô Glória e falar sobre gatilhos, motivos das violências, tipos, locais e situações frequentes. As informações favorecerão o planejamento de soluções educacionais, legais e preventivas. Cristina observa que um dos problemas é a limitação para a coleta de falas das próprias mulheres: “A maior parte da violência é detectada por meio de boletins de ocorrência ou médicos. Em nenhum desses dois momentos, sabemos o depoimento pelas palavras da vítima, e isso faz toda diferença”, avalia a professora.
Ela destaca que analisar esse cenário é crucial para criar políticas públicas com foco nas vítimas. “Nossa forma de conseguir tocar toda e qualquer mulher que sofre, sofreu ou pode vir a sofrer foi por meio de uma plataforma digital on-line e off-line. E isso se encaixa nas propostas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). Com ela (a robô Glória), poderemos entender padrões de comportamento e evitar que esse ciclo de violência comece”, comenta Cristina. A robô está em fase de testes e será disponibilizada em breve pela internet.
Índices
Tipos de violência de maior incidência registrados no DF de janeiro a julho de 2019
80,9% - Moral ou psicológica
62,2% - Física
24,95% - Patrimonial
1,9% - Sexual
9,6% - Outras naturezas
Fonte: Secretaria de Segurança PúblicaPor que a mulher ganha menos?A diferença salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função em empresas e a ausência delas em posições de liderança são desafios a serem encarados. Os impactos afetam a economia e levam a perdas com o afastamento das mulheres do emprego ou do mercado de trabalho. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mulheres a partir dos 14 anos que trabalham recebem, em média, 71,5% do que é pago aos homens. A diferença corresponde a R$ 1.334.
Outro estudo, publicado em agosto pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que a violência doméstica atinge 52,2% das mulheres que compõem a população economicamente ativa e 24,9% das que não fazem parte desse grupo. Entre as que trabalham, muitas precisam se afastar do emprego devido às agressões sofridas em casa. Diante desse cenário, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu, em agosto, que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deverá arcar com os gastos da subsistência da vítima nessa condição.
No Distrito Federal, as mulheres correspondem a 52,2% dos moradores, sendo maioria entre a população em idade ativa em 2018. Apesar de a taxa de desocupação entre elas ter caído 1,2% entre 2017 e 2018, elas permanecem como minoria entre a parcela ocupada (54 mil a menos que os homens). Além disso, 18% dos domicílios são compostos apenas por mães e filhos, segundo a Companhia de Planejamento do DF (Codeplan).