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Um gol de placa da educação
Projeto de professores de idiomas coloca o voluntariado em prática entre os alunos dos Centros Interescolares de Línguas (CILs). Os estudantes receberão os turistas em eventos internacionais como a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Mundo de 2014
FERNANDO BRACARENSE
A professora Regilene Santos (direita), coordenadora do CIL 01, lidera a equipe que pretende auxiliar pessoas de todas as partes do Brasil e do mundo no Gymnasiade. O evento ocorrerá no fim do ano aqui no BrasilA Copa do Mundo de 2014 está chegando. Com a aproximação da data, as construções, empresas e funcionários correm contra o relógio para entregar as demandas no prazo. Uma das oportunidades que os eventos esportivos proporcionam são as vagas para voluntários nas arenas esportivas e nos pontos turísticos das cidades-sede. Nesse cenário foi criado o projeto Um Gol de Placa da Educação na Copa de 2014, no qual cerca de 800 a mil alunos dos Centros Interescolares de Línguas (CILs) poderão participar dos eventos recebendo turistas e atletas, utilizando os conhecimentos em língua estrangeira, como inglês, espanhol, francês, alemão e japonês.
A ideia do projeto partiu da solidariedade, responsabilidade social e do fortalecimento da prática do segundo idioma entre os jovens, concebido pela professora e coordenadora central do projeto, Ana Cristina Chaves. A partir de um esboço, iniciado em 2009, e de reuniões com professores, os trabalhos começaram a surgir em 2010 com o apoio de mais de 200 colegas de profissão que ajudaram a levantar a bandeira da educação na capital federal. Ana enxergou a proficiência em um segundo idioma como uma excelente oportunidade para os alunos. “Primeiro eu precisei do apoio dos meus colegas e das visitas nos CILs para divulgar a ideia. O meu objetivo era colocar os alunos para trabalhar e exercer o conhecimento”, afirma.
O projeto consiste em um curso de formação de 90 horas, no qual a grade curricular é composta por duas aulas semanais do idioma estrangeiro e uma aula voltada para somente para o projeto. O conteúdo das aulas reúne uma série de temas que auxiliarão os alunos virarem voluntários e, simultaneamente, cidadãos plenos. As disciplinas variam desde os conhecimentos em história, geografia, culinária até comportamento, etiqueta e postura.
Os principais requisitos para se inscrever é ter mais de 18 anos e estar regularmente matriculado em um dos centros. Estima-se que mil alunos serão selecionados, sendo que a escolha é feita não só pelas notas dos alunos, mas pelo perfil de cada um. “Inicialmente o aluno é inscrito por meio de um formulário preenchido e autorizado pelos pais, porém é por meio da indicação dos professores que grande parte dos alunos são selecionados, pela proatividade em sala ou participação em iniciativas anteriores”, comenta Ana.
De acordo com a coordenação do evento, o projeto busca trazer a parceira aliada à fluência no idioma estrangeiro, além de levantar a autoestima dos alunos e proporcionar a inclusão social e tornar os alunos cidadãos do mundo. A iniciativa valoriza o ensino na escola pública e a categoria dos professores, a troca cultural e intelectual e a forma de abordagem a um estrangeiro ou turista de outro estado.
Atuação
As áreas de atuação dos voluntários podem variar de acordo com a demanda e o fluxo de pessoas, mas em geral estão voltadas para as arenas esportivas, onde ocorrerão os jogos e nos pontos turísticos de maior acesso, além de estabelecimentos de lazer e recreação. No Distrito Federal, será possível observar a participação dos alunos voluntários dos CILs nas áreas de recepção e credenciamento no Estádio Nacional, aeroporto, pontos de taxi, Centros de Atendimento ao Turista (CAT), Catedral Metropolitana, Memorial JK, Catetinho, Torre de TV e Torre Digital, além de shoppings e parques. Regilene Santos, uma das coordenadoras locais do projeto, diz que a Fifa disponibilizará uma grande quantidade de voluntários, mas muitos serão integrantes do projeto. “Estamos com uma expectativa que boa parte dos alunos selecionados virão dos CILs de Brasília. Eles estarão capacitados e preparados para receber os estrangeiros em alto nível, pois já terão adquirido conhecimento e orientação em aulas, palestras e dicas de comportamento, serviços de alimentação, transporte, informática, logística e marketing”, conta.
O projeto serve também como capacitação e incremento para os currículos dos alunos que na maioria das vezes entram no mercado de trabalho sem experiência ou orientação profissional. Para muitos deles essa iniciativa funciona como porta de entrada para o mercado. Paloma Pinheiro, aluna do segundo ano do ensino médio, viajou à Alemanha no início deste ano por meio de uma bolsa conquistada pelo exercício do voluntariado. “Fui para Frankfurt e percebi uma diferença cultural muito forte em relação ao Brasil. O idioma é muito diferente, com pouca semelhança com o Brasil, e percebi que pude expandir meu conhecimento na prática, além do que aprendi em sala de aula”, opina. Para ela, o voluntariado na biblioteca da escola foi essencial para conseguir a viagem ao exterior. “Ser voluntária foi decisivo para a seleção, além da preparação para as provas oral e escrita”, finaliza.
Sara Saad, colega de Paloma, conta que o projeto possibilita o conhecimento em outros idiomas e também em etiqueta e postura. “No projeto nós recebemos dicas sobre o que falar e como se portar diante de um estrangeiro usando o conhecimento do segundo idioma. Eu sempre gostei de línguas, e acredito que essa experiência ajudará muito no meu currículo”, ressalta. Sara também acaba de retornar de uma viagem à Europa, onde conheceu a França e a Alemanha. Ela revela que sentiu que o contato com o exterior: “Abre os olhos para o que é o mundo”.
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