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Escolas públicas do DF perdem laboratório e refeitório para ampliar número de vagas

Escolas públicas do DF perdem laboratório e refeitório para ampliar número de vagas Medida foi determinada pela Secretaria de Educação...


Escolas públicas do DF perdem laboratório e refeitório para ampliar número de vagas


Medida foi determinada pela Secretaria de Educação, diz diretor; alunos farão refeições em sala. A uma semana do início das aulas, instalações ainda estavam em obras.

Homem faz reforma em laboratório da Escola Classe Bela Vista, em São Sebastião, no DF, para transformar em sala de aula (Foto: Arquivo Pessoal)

Escolas públicas de São Sebastião, no Distrito Federal, tiveram de abrir mão de laboratórios e refeitório para transformar os espaços em salas de aula adicionais. Segundo os diretores, a medida foi determinada pela Secretaria de Educação para atender à demanda crescente de estudantes.

“O ideal era que fossem construídas novas escolas, mas enquanto isso não acontece, essa foi a solução emergencial”, afirma o diretor da Escola Classe Bela Vista, Jair dos Santos Luiz.

O G1 entrou em contato com a Secretaria de Educação na última quarta-feira (7) para confirmar a determinação e entender os motivos da alteração. Até a manhã desta sexta (9), a pasta não havia respondido às perguntas feitas pela reportagem.
Com a mudança, a Escola Classe Bela Vista terá capacidade para receber 100 novos estudantes, mas vai ficar sem espaço adequado para desenvolver atividades de ciências e de informática. Outra escola, a Vila Nova, vai poder abrir 115 vagas – para isso, as refeições passarão a ser oferecidas dentro de sala (veja detalhes abaixo).



Laboratório de ciências na Escola Classe Bela Vista, em São Sebastião, no DF, é transformado em sala de aula (Foto: Arquivo pessoal)

Bela Vista

Na Escola Classe Bela Vista, que atende cerca de 1,2 mil crianças de 4 a 10 anos, um dos laboratórios foi refomado em fevereiro do ano passado com a mesma finalidade. O espaço estava inutilizado por falta de manutenção dos computadores e virou sala de aula. Na ocasião, foram abertas 56 novas vagas.

O outro laboratório, de ciências, está em obras há cerca de duas semanas e não tem prazo para terminar, de acordo com o diretor – as aulas começam no próximo dia 15. “Os engenheiros estão aqui trabalhando e não dão prazo para finalizar a obra”, diz. A área será dividida em duas salas.

“Pode ficar pronto, mas não sabemos.”




Laboratório de ciências da Escola Classe Bela Vista, em São Sebastião, no DF, é transformada em sala de aula (Foto: Arquivo pessoal)

“Estão quebrando as bancadas de concreto, mudando as janelas que são conjugadas, as persianas. Teve que destruir isso tudo para poder dividir a sala em duas”, explicou Luiz.

Tira daqui, põe ali

Agora sem laboratórios, a escola acumula outra carência estrutural. A unidade nunca teve uma biblioteca e tampouco quadra de esportes, segundo o diretor. A única sala de leitura foi organizada no ano passado por iniciativa da própria comunidade escolar.
“Nós mesmos fizemos, porque não há espaço destinado na escola para biblioteca. É pequena e tem um acervo razoável. mas que para o porte da escola é insuficiente.”




Foto de 2013 publicada em blog da Escola Classe Boa Vista, de São Sebastião, no DF, mostra menino brincando em computador (Foto: Escola Classe Bela Vista/Reprodução)

Sem espaço adequado para a prática de esportes e atividades psicomotoras, a escola usa um “terreno acimentado” de improviso. “Ouvi dizer sobre projeto em 2019, mas nada oficial”, disse Jair Luiz.

Refeitório virou sala
Depois de transformar os laboratórios em três salas de aula em 2016, agora é o refeitório da Escola Classe Vila Nova, que também fica em São Sebastião, que vai perder a funcionalidade original. “Agora, as crianças vão lanchar dentro da sala de aula, que não é o ambiente propício”, disse um funcionário que não quis se identificar.



Refeitório da Escola Classe Vila Nova, em São Sebastião, no DF, passa por reforma para virar sala de aula (Foto: Arquivo pessoal )

Segundo ele, a Secretaria de Educação mobilizou uma equipe com engenheiro para ir à escola e avaliar os espaços que poderiam virar salas de aula.

“Esse ano, quase levaram a sala de leitura. Queriam tirar até a sala da direção.”




Fotos da Escola Classe Vila Nova, em São Sebastião, no DF (Foto: Secretaria de Educação/Reprodução)

Apesar das 115 vagas adicionais nos dois turnos de aula, a mudança não é considerada adequada pela equipe pedagógica. “Não vai ter mais um lugar para lanchar com todo mundo, orientar em relação ao lanche, ao desperdício.”

A escola atende cerca de 1,2 mil alunos de 4 a 10 anos, do 1º e 2º ano da educação infantil e do 1º ao 5º ano do ensino fundamental.

Mais alunos ou menos alunos?
A justificativa dada aos diretores para aumentar o número de salas de aula entra em contradição com os dados gerais de matrículas na rede pública do DF. Em janeiro, levantamento da própria Secretaria de Educação mostrou que os pedidos de matrícula caíram 10,4% em 2018, na comparação com 2017.

A explicação da Secretaria de Educação para o cenário é que, de 2015 para 2016, houve um aumento de inscrições devido à instituição do ensino obrigatório a partir dos 4 anos de idade. Até 2015, apenas creches atendiam crianças com esta idade – a obrigatoriedade de matrícula no ensino regular se dava a partir dos 6 anos.

“Como atendemos toda a demanda reprimida em 2017, só quem completa 4 anos é que está entrando”, afirmou o subsecretário de Planejamento, Acompanhamento e Avaliação, Fábio Pereira de Sousa, em entrevista ao G1.

No entanto, o diretor do Sindicato dos Professores do DF, Cláudio Antunes, diz que a “universalização” do ensino às crianças de 4 e 5 anos não é real. “A demanda não é 100% atendida, como diz a secretaria. Muita criança fica fora. Muitas famílias recorrem ao Conselho Tutelar para garantir a educação dos filhos.”


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