Paraisópolis é a 2ª maior comunidade de São Paulo e moradores pedem ações sociais há pelos menos 10 anos Região é carente de mais ações so...
Paraisópolis é a 2ª maior comunidade de São Paulo e moradores pedem ações sociais há pelos menos 10 anos
Região é carente de mais ações sociais e infraestrutura urbana. Na madrugada deste domingo (1º), nove pessoas morreram pisoteadas durante um baile funk na região.
Por Glauco Araújo, G1 SP — São Paulo

Viela para onde pessoas correram em Paraisópolis ainda tem marcas do incidente
A comunidade de Paraisópolis – onde nove pessoas morreram pisoteadas num baile funk após ação da Polícia Militar na madrugada deste domingo (1º) – tem mais de 100 mil habitantes, 21 mil domicílios em uma área de 10 km² na Zona Sul de São Paulo. É considerada a segunda maior de São Paulo, ficando atrás apenas de Heliópolis.
Apesar de possuir equipamentos públicos, a região ainda é carente de mais ações sociais e infraestrutura urbana há pelo menos dez anos.
Paraisópolis é cercada por prédios de alto padrão, shoppings e hipermercados, o que mostra a diferença social na região. Mesmo com tanta desigualdade, a comunidade ainda consegue oferecer opções de lazer para os moradores, como o Ballet Paraisópolis, projeto criado em 2012.
Neste ano, cerca de 50 bailarinos, com idade entre 6 e 17 anos, participaram do desfile da Acadêmicos do Tatuapé, no carnaval de São Paulo.
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Alunas do projeto brincam na rua em frente à sede da escola — Foto: Marcelo Brandt/G1
Segundo o Mapa da Desigualdade, divulgado em novembro deste ano pela Rede Nossa São Paulo, moradores da Vila Andrade esperam em média 75,2 dias (cerca de dois meses e meio) para passar por uma consulta com um clínico geral na rede pública de saúde. O número mostra uma grande diferença em comparação a outros 17 bairros, cujo tempo médio de espera em dias é igual a zero.
A população é composta por 31% de jovens entre 15 e 29 anos. Esse perfil de população é a que está mais vulnerável à falta de empregos e oportunidades. Doze mil são analfabetos ou semianalfabetos.
Nas casas, 42% das famílias são chefiadas por mulheres.
Dados de Paraisópolis
2ª maior favela de São Paulo e 5ª maior do Brasil
10 km² de área
100 mil habitantes
21 mil domicílios
12 mil moradores analfabetos ou semianalfabetos
31% da população é composta por jovens de 15 a 29 anos, portanto mais vulneráveis à carência de emprego e oportunidades
42% das famílias têm mulheres como responsáveis
Renda média de 87% dos chefes de família é de até 3 salários mínimos
21% da população que tem emprego atua no comércio local
Aproximadamente 10 mil comércios locais
Grande crescimento nos últimos anos
Grandes empresas ingressando no mercado local
12 escolas públicas (estaduais e municipais), uma Escola Técnica Estadual (Etec), um Centro Educacional Unificado (CEU), três unidades básicas de saúde (UBS) e uma unidade de Assistência Médica Ambulatorial (AMA)
Os problemas do pancadão
Para Bruno Langeani, coordenador do Instituto Sou da Paz, os pancadões e bailes funks não devem ser tratados apenas como problema de segurança pública. "É algo que faz parte da cultura dessas pessoas e muitas vezes são as poucas opções de lazer disponíveis. Agora, tem vários aspectos que estão relacionados a este caso. Você tem muitos moradores sofrendo com som alto, sem conseguir dormir, você tem muitas vezes moradores que ficam presos em casa, não conseguem sair para trabalhar, não conseguem sair para fazer outras atividades, porque a rua está tomada."
Langeani falou ainda que esses pancadões acabam mascarando atividades ilegais. "Você tem também, infelizmente, atividades criminais que orbitam não só nessas festas de periferia, mas em várias festas, em vários eventos culturais, algumas atividades criminais que orbitam ao redor disso; então a gente estava falando de uso de droga, muitas vezes de furto e roubo de veículos, uso de arma de fogo, abuso de menores."
Ele disse que é preciso ações conjuntas para evitar situações de violência relacionadas aos pancadões. "Esse é um assunto que a gente precisa resolver não só com polícia, precisa de outros atores atuarem conjuntamente, é algo que demanda outras agências trabalhando, para que a gente consiga as manifestações culturais acontecendo, sem esses outros efeitos negativos, de criminalidade ao redor."
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