Em meio a novas sanções de Trump, Lula abre discursos da 80ª Assembleia Geral da ONU Presidente do Brasil também participa de encontros para...
Em meio a novas sanções de Trump, Lula abre discursos da 80ª Assembleia Geral da ONU
Presidente do Brasil também participa de encontros para falar sobre a crise climática, em preparação para a COP30, e sobre a questão da Palestina
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Lula abre os discursos na 80ª Assembleia Geral da ONU em Nova York.
Novas sanções dos EUA são impostas contra autoridades brasileiras um dia antes do discurso.
O presidente do Brasil enfatiza a necessidade de combater a crise climática e apoiar a criação do Estado da Palestina.
Lula participa de eventos sobre democracia, clima e o Fundo Florestas Tropicais durante sua visita aos EUA.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai abrir os discursos de chefes de Estado da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas nesta terça-feira (23), em Nova York, nos Estados Unidos.
A fala inaugural ocorre um dia após a imposição de novas sanções dos EUA contra autoridades brasileiras. Nessa segunda (22), o governo de Donald Trump aplicou a Lei Magnitsky contra a mulher do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, Viviane Barci, e suspendeu o visto do advogado-geral da União, Jorge Messias.
Tradicionalmente, o presidente do Brasil é o primeiro chefe de Estado a falar nas assembleias gerais da ONU desde 1955. Após a declaração de Lula, será a vez de Trump discursar.
Não há, contudo, previsão de agenda fechada entre os líderes. No entanto, pode ocorrer um encontro informal entre Lula e Trump, pois os presidentes podem “se esbarrar” pelos corredores da ONU.
Brasil e EUA vivem sob tensão ao menos desde julho, quando o governo americano anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Uma das justificativas de Trump para a taxa foi uma suposta “caça às bruxas” do STF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Lula reclama da falta de acesso às autoridades americanas para negociar uma reversão do imposto, mas diz que está pronto para conversar. Nessa segunda-feira (22), durante entrevista ao jornal PBS NewsHour, o brasileiro afirmou que “uma mesa de negociação não custa nada”.
“Toda vez que tentamos falar sobre comércio com alguém dos Estados Unidos, ele diz: ‘Isso não é comigo. Não, isso não é uma questão comercial. Esta é uma questão política’. Portanto, no momento em que o presidente [Donald] Trump quiser falar de política, eu também converso sobre política”, disse.
“Queremos ter relações de igualdade com todos. Mas o que não aceitamos é que ninguém, nenhum país do mundo interfira na nossa democracia e na nossa soberania”, completou Lula.

O que esperar do discurso de Lula
No seu discurso na Assembleia Geral, Lula deve reforçar as prioridades da política externa do Brasil e fazer uma defesa ao multilateralismo.
O presidente também deve cobrar mais empenho da comunidade internacional com o combate à crise climática, em especial com a proximidade da COP30 (30ª Conferência da ONU sobre Mudanças do Clima) que ocorre em Belém (PA), em novembro.
Outro ponto abordado por Lula é a criação do Estado da Palestina. Na segunda-feira, em uma conferência da ONU sobre o tema, o presidente disse que “tanto Israel, quanto a Palestina têm o direito de existir”.
O governo brasileiro avalia o momento como uma oportunidade para que mais países reconheçam a Palestina como Estado. Além do Brasil, outros 147 países já a reconhecem. Israel e EUA, por outro lado, rejeitam a medida.
“Trabalhar para efetivar o Estado palestino é corrigir uma assimetria que compromete o diálogo e obstrui a paz. Saudamos os países que reconheceram a Palestina, como o Brasil fez em 2010. Já somos a imensa maioria dos 193 membros da ONU”, destacou.
Em julho, o governo brasileiro anunciou que está em fase final para entrada formal no processo em curso na Corte Internacional de Justiça contra Israel. A ação foi apresentada pela África do Sul com base na Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio.

Defesa da Democracia
Também durante a passagem pelos EUA, Lula vai participar da 2ª edição do evento Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo, na quarta-feira (24), com lideranças de cerca de 30 países. Além do Brasil, lideram a iniciativa os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da Espanha, Pedro Sánchez.
“Em um contexto de incerteza global e crescentes ameaças a valores democráticos, o encontro constituirá a ocasião para reafirmar compromissos compartilhados em torno da democracia, do multilateralismo e do Estado de Direito”, explicou o diretor do Departamento de Organismos Internacionais do Ministério das Relações Exteriores, Marcelo Marotta Viegas.
A iniciativa, segundo Viegas, é uma estratégia para avançar em uma diplomacia ativa “que promova a cooperação internacional contra a deterioração das instituições, a desinformação, o discurso de ódio e a desigualdade social”.
O primeiro encontro sobre a democracia ocorreu no Chile, em julho deste ano, com a participação dos presidentes do Brasil, Espanha, Colômbia e Uruguai. Na ocasião, foi publicada uma declaração conjunta dos países.

Crise climática
Ainda na quarta-feira, Lula participa de um evento sobre crise climática, que será co-presidido pelo Brasil e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.
“O encontro deverá impulsionar a mobilização dos Estados-membros para a ação climática, incluindo a apresentação de novas contribuições nacionalmente determinadas, as NDCs, rumo à COP30”, afirmou o chefe da Divisão de Ação Climática do Itamaraty, Mário Gustavo Mottin.
As chamadas NDCs são os compromissos que cada país assume para reduzir a emissão de gases de efeito estufa que aquecem a Terra e são os principais intensificadores das mudanças climáticas. Até o momento, segundo o Itamaraty, apenas 29 países apresentaram suas NDCs.
O presidente Lula ainda participa nesta terça-feira, também em Nova York, de evento organizado pelo Brasil para ampliar o apoio para construção do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), que deve ser lançado em Belém, na COP30, com objetivo de financiar a preservação das florestas.
Outra agenda do presidente Lula é o encontro promovido pelo Centro Global de Adaptação, liderado pelo ex-presidente de Senegal Macky Sall, para discutir mecanismos de adaptação à mudança climática.

Perguntas e Respostas
Qual é o papel do presidente Lula na 80ª Assembleia Geral da ONU?
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai abrir os discursos de chefes de Estado na 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, que ocorre em Nova York. Tradicionalmente, o presidente do Brasil é o primeiro a falar nas assembleias desde 1955.
Quais sanções foram impostas pelos EUA antes do discurso de Lula?
Um dia antes do discurso de Lula, o governo dos EUA, sob a administração de Donald Trump, impôs novas sanções contra autoridades brasileiras, incluindo a mulher do ministro do STF, Viviane Barci, e suspendeu o visto do advogado-geral da União, Jorge Messias.
Haverá um encontro formal entre Lula e Trump durante a Assembleia?
Não há previsão de uma agenda fechada entre os líderes, mas pode ocorrer um encontro informal entre Lula e Trump nos corredores da ONU.
Como está a relação entre Brasil e EUA atualmente?
As relações entre Brasil e EUA estão tensas, especialmente desde julho, quando os EUA anunciaram uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Lula expressou sua insatisfação com a falta de acesso às autoridades americanas para discutir a reversão dessa tarifa, mas afirmou estar disposto a conversar.
Quais temas Lula deve abordar em seu discurso na ONU?
Lula deve enfatizar as prioridades da política externa do Brasil, defender o multilateralismo, e cobrar mais empenho da comunidade internacional no combate à crise climática, especialmente com a proximidade da COP30. Ele também abordará a questão da criação do Estado da Palestina.
Qual é a posição do Brasil sobre a Palestina?
O governo brasileiro vê a criação do Estado da Palestina como uma forma de corrigir assimetrias que prejudicam o diálogo e a paz. Lula destacou que tanto Israel quanto a Palestina têm o direito de existir e que o Brasil já reconheceu a Palestina como Estado desde 2010.
O que Lula fará em relação à crise climática durante sua visita?
Lula participará de um evento sobre crise climática, co-presidido pelo Brasil e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, para impulsionar a mobilização dos Estados-membros em direção à ação climática e à apresentação de novas contribuições nacionalmente determinadas (NDCs) para a COP30.
Quais são os objetivos do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF)?
O Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que será lançado na COP30, tem como objetivo financiar a preservação das florestas. Lula participará de um evento em Nova York para ampliar o apoio a essa iniciativa.
Quais outros eventos Lula participará durante sua estadia nos EUA?
Lula participará da 2ª edição do evento Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo, com líderes de cerca de 30 países, e de um encontro promovido pelo Centro Global de Adaptação para discutir mecanismos de adaptação às mudanças climáticas.
Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília
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