Matheus H. Souza/Agência Brasília
Com mais de 120 unidades oferecendo terapias como reiki, acupuntura e fitoterapia, a política da SES-DF alia cuidado humanizado, hortos medicinais e parceria com a Fiocruz para pesquisa e formação profissional
“Eu tomava muita medicação e vivia dopada. A auriculoterapia e o reiki me ajudaram tanto que consegui reduzir quase todos os remédios. Mais do que isso: me inspiraram a estudar e hoje também sou terapeuta voluntária.” O relato de Sheila Alves de Souza, paciente da UBS 5 de Samambaia, exemplifica o impacto das práticas integrativas em saúde (PIS) na rede pública do Distrito Federal.
O DF foi pioneiro na adoção dessas práticas, que começaram em 1983, em Planaltina, com o cultivo e o uso de plantas medicinais. Desde então, a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) estruturou uma política própria, formalizada em 2010 e consolidada em 2014, com a criação da Política Distrital de Práticas Integrativas em Saúde.
Atualmente, mais de 130 unidades básicas de saúde — cerca de 75% da rede — oferecem ao menos uma modalidade de terapia, como acupuntura, auriculoterapia, arteterapia, automassagem, fitoterapia, homeopatia, meditação, reiki, yoga, tai chi chuan e terapia comunitária integrativa. Somando hospitais, policlínicas e Centros de Atenção Psicossocial (Caps), a cobertura alcança 65% da rede pública.
Segundo o gerente de Práticas Integrativas da SES-DF, Marcos Trajano, o DF foi o primeiro território brasileiro a implantar essas terapias na saúde pública.
“Elas não substituem os tratamentos convencionais, mas ampliam o cuidado, promovem bem-estar e fortalecem o vínculo entre profissionais e pacientes. É saúde feita com humanidade, em que a pessoa é vista em sua integralidade”, afirma.
Hortos medicinais e inclusão social
A política distrital também criou uma rede com 37 hortos agroflorestais medicinais biodinâmicos, que cultivam espécies do Cerrado e de outros biomas utilizadas em fitoterapia. Além de fornecer insumos, os hortos funcionam como espaços educativos e comunitários, aproximando a população dos serviços de saúde.
Trajano ressalta que as práticas integrativas fortalecem o vínculo entre paciente e equipe:
“Essas práticas abrem espaço para a escuta e a convivência. Elas representam o direito democrático de cada pessoa escolher as terapias com as quais mais se identifica.”
Histórias de transformação
A aposentada Gilvanete Maria Bueno, de 70 anos, encontrou no reiki um novo equilíbrio:
“Cheguei com ansiedade e depressão, e em duas semanas comecei a dormir melhor e me sentir mais leve. Hoje tomo menos remédios e saio das sessões como se estivesse flutuando.”
A fisioterapeuta Luciana Escarião Soares, referência técnica distrital em reiki, confirma o crescimento da procura:
“Muitos pacientes com depressão, ansiedade e fibromialgia relatam melhora significativa. É uma transformação real na qualidade de vida.”
Parceria com a Fiocruz e novas formações
Em 2024, a SES-DF firmou convênio com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para investir, pelos próximos quatro anos, em pesquisa, capacitação e desenvolvimento institucional na área de práticas integrativas.
“É um dos maiores investimentos do país nesse campo. Garante segurança, qualidade e o direito de escolha terapêutica da população”, explica Trajano.
Além disso, a secretaria e a Escola de Saúde Pública do DF lançaram a segunda residência em atenção básica com foco em PIS do Brasil, com 15 residentes e cinco áreas de formação: educação física, nutrição, terapia ocupacional, fisioterapia e farmácia.
Com o avanço das práticas integrativas, o DF reafirma sua liderança nacional em saúde humanizada, inovadora e inclusiva, ampliando o cuidado e a qualidade de vida dos usuários da rede pública.
Com informações da Agência Brasília |
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