Cecília Pinto Coelho - “Já sofri piadas na escola, cansei de ouvir frases de duplo sentido e de ser xingado por pessoas que passavam ...
Cecília Pinto Coelho -
“Já sofri piadas na escola, cansei de ouvir frases de duplo sentido e de ser xingado por pessoas que passavam de carro”, conta o estudante Marcos Silva Guimarães, 19 anos. Após ter sentido na pele o preconceito, o jovem não mede esforços para lutar por direitos igualitários. Esse foi um dos motivos pelo qual estava presente, ontem a tarde, no centro da Ceilândia, palco da 5ta parada do orgulho de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) da região. “As pessoas não são obrigadas a aceitar, mas a respeitar. Isso é uma luta diária”, completa.
A passeata foi promovida pela organização não governamental (ONG) Elos LGBT-DF e apoiada pela administração da região e teve como tema principal "Estado Laico, Democracia e Direitos Humanos". Também contou com trio elétrico, ao som de Beyoncé, Rihanna e Lady Gaga e com atrações de cantoras como Lorena Simpson.
“O objetivo é dar visibilidade à população LGBT na Ceilândia. Sem incluir o direito LGBT não há cidadania, nem direitos”, explica o presidente da ONG Elos e organizador da parada, Evaldo Amorim. “Também queremos chamar a atenção para a regulamentação da Lei 2615, que pune ato discriminatório em razão de orientação sexual. Este ano, foi regulamentada e, no mesmo dia, foi revogada”, completa
Além da passeata, houve, desde quinta-feira, eventos na região sobre essa temática, com palestras, mesas de debates, com autoridades e entidades do setor e jogos para jovens. “Queremos criar espaços de debates e também levar a demanda para judiciário e legislativo”, comenta. ”O presidente conta ainda que pretende chamar a população, com a parada, para dizer “não à homofobia” e a crimes cometidos por questões discriminatórias. “Não tenho aqui os números exatos, mas são dois LGBTs mortos por semana no DF e com crueldade”, lamenta.
O coordenador de diversidade sexual no Governo do Distrito Federal (GDF), Sérgio Nascimento, 29, fez parte e ajudou a organizar a primeira parada gay da Ceilândia, há cinco anos. “A Ceilândia é uma região importante pro ser grande e ter uma população grande. Tínhamos muitos conhecidos LGTBs que moravam aqui e nos cobravam isso”, conta. “O benefício maior é a visibilidade e o fato de poder, pelo menos uma vez por ano, andar de mãos dadas e dar beijo na boca em público. Mostramos para a sociedade que existimos”, afirma.
Para Nascimento, o preconceito e a discriminação afetam o psicológico dos envolvidos. “Percebemos que muitos casos de suicídio têm viés homofóbico. Os LGBTs sofrem preconceito na escola e até dentro de casa”, conta o coordenador, que milita há cerca de 7 anos. “As pessoas estão mais abertas, a mídia ajuda, mas não chegamos ao patamar socialmente aceitos”, avalia. O jovem ressaltou ainda a importância do “Disque 100” que conta com opção para atender vítimas de homofobia.
Luta e diversão
Alef Barbosa, 18, veio de Planaltina, pela terceira vez, para conferir o evento. “Acho divertido, é a oportunidade de estar com meus amigos”, diz. Já a artesã Edineide Carneiro de Albuquerque, 38, veio pela segunda vez. E estava ansiosa pelo show da Lorena. “É uma forma de chamar a atenção para o assunto e de vencer o preconceito. Eu passo por muitas situações constrangedoras tenho amigos que não aceitam, vejo diferença no tratamento”, conta. A dona de casa Claudilene Amaro, 35, espera que os organizadores consigam alcançar os objetivos e ser aceita na população. “É um meio de as pessoas lutarem pelos direitos. Todos têm direito de fazer o que quiserem da vida”, comenta.
O servidor público Marcelo Eduardo Prochazka, 43, vai organizar a primeira parada gay em Águas Claras, em 10 de novembro. “Queremos quebrar o tabu de que as paradas são apenas festas ou lugar de encontro. O objetivo é reivindicar nossos direitos e resgatar o valor do ser humano. Ser homossexual não é uma aberração, somos seres humanos”, diz.
Em setembro deste ano, também houve a primeira parada gay de Santa Maria. Elker Barros, 32, foi um dos organizadores. “A partir do momento que os LGBTs saem nas ruas, mostram que são cidadãos. Nossa maior reivindicação é que o governo regulamente a Lei 2615. Queremos respeito e dignidade humana”, conclui.
Evolução das denúncias de violações dos direitos humanos em caráter homofóbico feitas ao poder público
•Mato Grosso foi o estado que mais teve aumento – de 1657%- de denúncias em relação a 2011
•Rondônia ocupa segundo lugar na lista, com aumento de 550%
•DF é o terceiro, com acréscimo de 431,11%
•Piauí foi o único estado que diminui o número em 36,45%
(fonte: relatório sobre violência homofóbica no Brasil, 2012)
Em Homenagem todos da parada kkkkl VÍDEO
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