Imagem de 2010 mostra bacia de contenção de chorume às margens do Parque Nacional. O chorume é o principal vilão da unidade de conservaçã...
Imagem de 2010 mostra bacia de contenção de chorume às margens do Parque Nacional. O chorume é o principal vilão da unidade de conservação, responsável pela contaminação do solo e até da água do parque |
O Lixão da Estrutural faz fronteira com o parque e é responsável pela proliferação de espécies exóticas de plantas e de animais, como urubus, ratos, baratas e cães, dentro da unidade de conservação do cerrado. Os bichos urbanos caçam as espécies endêmicas e espalham doenças, causando desequilíbrio à fauna silvestre. O chefe do Parque Nacional, Paulo Carneiro, relata que é "praticamente impossível" fazer uma ida a campo sem encontrar cachorros e urubus. Mas o grande vilão, pela experiência de Carneiro, é o chorume gerado pelo lixão. O líquido, considerado 100 vezes mais poluente que o esgoto, escorre por debaixo da terra até chegar ao solo do parque. Lá, pode contaminar a terra, a vegetação e a água.
A conclusão dos pesquisadores que já denunciavam o perigo do chorume, há anos, começa a ser confirmada pelo próprio Serviço de Limpeza Urbana, responsável pelo Lixão da Estrutural. Isso porque a primeira análise oficial da água do córrego Acampamento, realizada em dezembro de 2013, apontou a existência de nitrito, nitrato e amônia -- compostos que indicam presença de chorume.
"O esperado para uma nascente com as mesmas características geológicas do córrego Acampamento é que não haja presença de nitrito, nitrato e amônia. A interferência do aterro e a ocupação irregular [Chácara Santa Luzia] nas proximidades do Parque Nacional contribuíram para a alteração da qualidade da água", afirma Márcio, ao analisar os resultados, a pedido do Correio.
O chorume do Lixão da Estrutural corre por debaixo da terra até chegar às águas do Córrego do Acampamento, dentro do Parque Nacional. O líquido, cem vezes mais poluente que o esgoto, polui a água com carga orgânica e metais pesados |
O doutorando pondera que os resultados encontrados na análise do SLU são aceitáveis, de acordo com as normas do Conama. "A água do córrego não é classificada como contaminada, mas houve interferência, sim", explica. No resultado do SLU, os valores de nitrito, nitrato e amônia são 0,84 mg/L, 1,26 mg/L e 0,28 mg/L, respectivamente. Segundo a norma do Conama (357, de 2005), o máximo permitido seria 1 mg/L, 10 mg/L e 3,7 mg/L, respectivamente.
O SLU afirma que é "prematuro qualquer conclusão com base nos resultados" e que serão necessárias quatro análises da água para "apresentar dados mais condizentes com a realidade". A ideia do órgão é realizar o monitoramento trimestral, tanto no período de chuvas quanto na estiagem.
Segundo o chefe do Parque Nacional, Paulo Carneiro, a água do córrego Acampamento ainda não é utilizada para consumo humano e a contaminação pode causar impacto apenas nos animais. Porém, a do Ribeirão Bananal, que também corre risco de ser contaminada e vai passar pela análise do SLU, será captada pela Caesb. "Vamos repassar o resultado do teste para a Caesb", afirma Carneiro.
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